quarta-feira, 22 de julho de 2009

Viagem sem conexão


O vai-e-vem no mundo do futebol já é assunto antigo. Mas, como sempre, gera muitas discussões. "O amor que sinto por esse clube é muito grande". Essas foram palavras do volante Cristian, ex-jogador do Corinthians, transferido, na última terça-feira, para o Fenerbahçe, da Turquia. O que foi dito pelo atleta nos faz refletir em relação a uma pergunta: o que vale mais, dinheiro ou amor à camisa? Muitos são os brasileiros que saem daqui rumo a times europeus, e até da Arábia, com a expectativa de brilharem e chegarem à seleção brasileira. Ganhar mais e viver em melhores condições são atrativos fundamentais. A verdade é que o sonho de qualquer atleta é poder atuar na Europa. Quando a janela de transações se abre, é um pesadelo para os clubes e torcedores, que tentam ao máximo a permanência de seus melhores atletas. Dificilmente, uma equipe permanece a mesma após o mercado do meio do ano. Isso se torna uma barreira, visto que estamos no meio de uma competição importante, como o Brasileirão.

As propostas são, na maioria das vezes, irrecusáveis e raros são os jogadores que permanecem em seus times por amor. Raros? Por que não dizer nenhum? Zico, na época em que jogava, atuou toda a sua carreira no Flamengo, por amor à camisa rubro-negra. Hoje em dia, não vemos mais essa "prova de amor". Rogério Ceni talvez seja o caso mais próximo. O goleiro está no São Paulo há 19 anos. Mas, e o que dizer da polêmica declaração dita pelo atacante Pedrão, ex-Barueri, antes de ser transferido para o Al Shabab? "Tomara que seja meu último jogo aqui, que seja a minha despedida. Na segunda-feira, eu viajo para Dubai com o presidente do Barueri e já vou com a minha esposa porque eu quero sair, preciso sair e vou acertar com o Al Shabab". É ou não é para deixar qualquer torcedor irritado?

André Santos, ex-atleta do Corinthians, teve sua transferência ontem, juntamente com o já citado Cristian, e para o mesmo clube que o colega. Esta semana, mais dois jogadores foram negociados com o futebol europeu: Weldon, ex Sport, foi para o Benfica, de Portugal. Lima, ex Avai, foi vendido, ontem, para o Metalist FC, da Ucrânia. Desde o inicio do Campeonato Brasileiro, mais seis atletas foram transferidos para o exterior. Dentre eles, nomes como Keirrison, ex-Palmeiras, Ramires, ex-Cruzeiro, e Ibson, ex-Flamengo.

"Mas, pretendo atuar no clube [Botafogo] novamente, antes de encerrar a minha carreira. Se retornar ao Brasil, quero que seja para o Botafogo". Isso foi o que disse Maicosuel, ex-meio-campo do Botafogo, ao ser negociado com o Hoffenheim, da Alemanha. A verdade é que palavras como as do atleta sempre são ditas nas despedidas. A questão é: será que eles voltam? Enquanto a resposta não vem, os clubes tentam manter seus jogadores, mesmo que muitos deles já tenham recebido proposta do exterior.


Por: Carla Araújo


4 comentários:

Por Rafael Coelho e Raysa Himelfarb disse...

Só uma observação: O Zico não jogou a carreira inteira no Flamengo. Ele também jogou na Udinese e chegou a virar ídolo lá.

Mas, realmente, é isso que acontece mesmo. Os jogadores fazem juras de amor ao clube, mas o que fala mais alto é o dinheiro. A tendência é isso acontecer cada vez mais.

Triste realidade...

José Carlos disse...

Futebol, há algum tempo, passou a ser un negócio. Infelizmente, o espaço para emoções vai sendo reduzido, dada a sua relativa incompatibilidade com a maneira como a atividade vem sendo conduzida. O surgimento de clubes de empresários e/ou sustentados por subvenções ´municipais é motivo de preocupação, porque, paulatinamente, iremos observar o afastamento do público, nos estádios de futebol. Sem torcida, vale dizer, sem paixão, o futebol perderá seu encanto e, consequentemente, comprometerá seu futuro.

Bernardo de Vasconcellos Edler disse...

OBS: O Zico, se não me engano em 1983,logo após o Flamengo ser campeão Brasileiro, saiu para a Udinese por então preciosíssimos 2 MILHÕES de dólares.
Ainda jogou no Japão no fim da carreira.
Três clubes por onde passou, foi ídolo máximo dos três.


Ótimo texto!

Unknown disse...

Rafael + Bernardo +1
E o Ibson já era de um clube de fora, ele simplesmente voltou do emprestimo.
Mas ficou maneira a analise ai... Digo e repito. O futebol brasileiro ssó terá jeito qnd a CBF se afastar da Liga e os clubes começarem a administrar esta.